Minha consideração:
O texto que segue é do Britto Jr.
Achei importante postar, pois Michael sempre foi visto, por muitos, apenas como uma maquina de fazer dinheiro e é sobre isso que Britto Jr fala em seu texto
Só uma coisa, MJ é muito mais forte do que alguém podia imaginar!!
Não dá mais para dizer que só no Brasil não se faz justiça ou que a justiça é lenta ou que ela é falha ou que, por vezes, a justiça é injusta. O assassinato de Michael Jackson foi obra de um algoz que começou a persegui-lo ainda nos tempos do Jackson 5. E seu assassino, que nunca teve cara, identidade e muito menos coração, continua livre, pronto para fazer novas vítimas.
O crime fatal contra Jack começou a se configurar no longínquo dia em que ele e os irmãos apareceram na TV. O mundo aplaudia os Jackson 5, mas o deslumbramento coletivo era mesmo com o caçula, o “fedelho” (para usar uma expressão da época) que cantava e dançava como nenhum outro daquela tenra idade.
Veio a fama, veio o dinheiro e vieram os problemas. Estes, abafados ao máximo, até porque, naquele tempo pouco se sabia e menos ainda se falava sobre os bastidores do show business. Coluna social era o máximo da ousadia. Tablóide, por aqui, era uma palavra a se procurar o significado em dicionário. E olhe lá.
Considerando a máxima de que criança não trabalha, criança dá trabalho, Michael nunca teve infância. Sob o chicote psicológico do próprio pai, dedicou todo o seu tempo para ensaios e viagens exaustivas.
De repente, se tornou homem, declarou independência familiar, separando-se dos irmãos e do pai graças a um talento fora do comum. Ele era mesmo fora de série, na verdadeira acepção da palavra. Muitos, milhares, o imitam, mas ninguém é capaz de fazer o que ele fez.
Um sucesso atrás do outro, Michael chegou ao topo com “Thriller”. Nem os Beatles venderam tantos discos. Faço um parêntese para dizer que o meu exemplar, comprado naquele ano, não vendo por dinheiro nenhum. Não adianta insistir. E olha que é vinil.
Bem, mas depois que alguém chega ao lugar mais alto, é de se imaginar que o próximo passo seja no caminho inverso. Poucos conseguem se manter no rarefeito “Olimpo” da fama. E a descida de MJ foi em queda livre, acelerada pelas acusações de pedofilia e todo o impacto que elas poderiam causar na vida de um artista deste porte. Os tablóides se esbaldaram.
Vieram os tribunais, os acordos milionários, as sentenças duvidosas, e a reclusão. Cercado por todos os lados, Michael Jackson se auto-exilou em seu próprio lar e na sua própria excentricidade. E ele, que teve o mundo a seus pés, a indústria do entretenimento a seu dispor e os jornalistas e críticos como parceiros, de repente, se vê sozinho e abandonado no meio do caminho.
Tente imaginar as pressões que MJ sofreu. O mundo esperando um novo sucesso, um novo lance de genialidade, seus produtores e a própria família sobrevoando-lhe a cabeça, feito abutres. E a imprensa duvidando da capacidade dele para administrar tudo isso.
Está certo que o mundo é dos fortes e que aos fracos abate, mas a imagem de MJ sempre foi de fragilidade, tanto física quanto psicológica. Dava-me a impressão de que toda a indispensável estrutura de caráter e personalidade que forja os seres humanos, no caso dele, foi construída sobre um vazio. MJ era, por assim dizer, uma jóia oca, sem recheio.
Mesmo assim, Michael se prepara para retornar em grande estilo. Ninguém vê, mas ele está lá, ensaiando para 50 derradeiros shows. Até porque ele precisa de dinheiro para aplacar a iminente falência que se avizinha, e que, talvez nem ele próprio tenha percebido, contribuiu para liquidá-lo.
Neste momento, percebe-se o quanto os jornais sensacionalistas podem ser cruéis, já que espalham aos quatro cantos que Jackson está muito doente, e que por este motivo dificilmente subirá ao palco para realizar sequer o primeiro da tão esperada série de shows. Os ingressos já estão vendidos. E ele terá que devolver o dinheiro. Ao mesmo tempo (eu li, ninguém me disse), insinuações dão conta de que o astro esta a beira da morte. Definhando.
Mas, afinal, que doença é essa? Ou melhor, que invenção foi aquela, segundo a qual MJ já estava com o pé na cova? Quem foi o maldoso que espalhou este boato? E com que propósito?
É claro que, agora, se sabe que nada disso era verdade. Vídeos dos ensaios nos revelam um MJ exatamente como todos o conheceram: cheio de vida, de talento, transpirando o desejo de retornar aos palcos e reencontrar seus fãs.
Muito bem, chegou a hora de dizer quem matou Michael Jackson. Aquele que roubou-lhe a infância, que o transformou num astro, e que depois decretou a sua queda livre, amplificou o comportamento duvidoso de sua vida particular, e que também se encarregou de mentir que ele estaria definhando, aquele mesmo… foi “ele” o responsável pela morte prematura do maior ídolo pop da história.
“Mas, quem… quem? Fala logo quem foi este crápula! Revele-nos de uma vez por todas! Quem, afinal, seria capaz de construir um astro para, anos depois, ter o sarcástico prazer de aniquilá-lo para sempre?”
Eu digo com todas as letras: quem matou Michael Jackson foi a “mídia”! Quando digo mídia, falo de todos os atores que formam a indústria (ou seria o circo?) do entretenimento, tais como agentes, produtores executivos, empresários, donos de gravadoras, assessores, advogados, jornalistas, enfim, todos os que se empenharam em construir uma máquina de fazer dinheiro, sem levar em conta que aquele mega-astro era um homem, um ser humano com suas fragilidades, precisando de carinho, de compreensão, de descanso e de outros tantos afagos. E aqui chamo a atenção em especial para os tablóides, que na ânsia de produzir artigos sensacionalistas para vender mais e mais jornais, abusaram da liberdade de expressão, com suas “invencionices”, capazes tanto de turbinar para o bem quanto para o mal a carreira de qualquer um, até do maior astro pop de todos os tempos.
Sim, amigos, Michael Jackson foi uma vítima da mídia. Podem continuar procurando nos lençóis, no tapete do quarto, nos frascos de analgésicos, entre os empregados da mansão ou nas janelas escancaradas para supostos invasores. O culpado pelo fim trágico de um homem único na sua obra, trajetória e legado não tem cara porque é uma instituição. Quem matou Michael Jackson está, neste exato momento, preocupado em garimpar outro que o substitua, porque o show nunca pode parar, não é mesmo?
E, para meu espanto, acabo de ouvir uma música nova de Michael Jackson. Está tocando na internet, nas rádios. É inédita! Não me peçam para explicar, mas é isso. Todos nós vamos dançar ao som do derradeiro sucesso do astro falecido. E, muito provavelmente, haja algum produtor concluindo: acho que matamos a galinha dos ovos de ouro!
É meus amigos, assim como a mídia tem o poder de construir astros e depois desconstruí-los, ela também é capaz de ressuscitar quem já morreu.
This is it.
Hilton Britto Jr.
Fonte: Blog do Britto Jr.
Oi MP
ResponderExcluirEu fiquei emocionada com essa matéria.Ele soube expressar tão bem o que tantos sentem em relação a Michael.Assume a sua admiração e amor ao seu ídolo de uma maneira tão humana e para finalizar,fecha com chave de ouro com a seguinte frase: "É meus amigos, assim como a mídia tem o poder de construir astros e depois desconstruí-los, ela também é capaz de ressuscitar quem já morreu"
Fantástico!!!
Um abraço
Concordo com vc MP !!! Eu naum aguentaria nem 10% do que MJ aguentou !!! MJ é sinônimo de força, quem pensa que ele é frágil, infelizmente naum o conhece...Ótimo texto !!!
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